Avaliação higio-sanitária de peças de coelho-bravo (oryctolagus cuniculus) caçadas para consumo

Data
2010
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Resumo
O coelho-bravo desempenha um papel preponderante nos ecossistemas mediterrânicos, por constituir a presa principal de um amplo espectro de predadores, alguns dos quais em vias de extinção (Lynx pardinus, Aquila adalberti). Apresenta, ainda, um valor económico e social extremamente importante, sendo do ponto de vista cinegético, a espécie de caça menor mais procurada pelos caçadores. O destino das peças caçadas é, muitas vezes, o auto-consumo, contudo é possível a comercialização de caça ou carne de caça para consumo, desde que sujeitas às regras determinadas pelo Regulamento (CE) 853/2004 e pelo Regulamento (CE) 854/2004. Contudo, os referidos Regulamentos não se aplicam, quando o caçador fornece pequenas quantidades de caça ou carne de caça selvagem directamente ao consumidor final, ou ao comércio a retalho local que fornece directamente o consumidor final. No caso do coelho-bravo, é possível a venda de 10 animais por dia, sem que estes sejam sujeitos a qualquer inspecção sanitária, nem a qualquer exame inicial das peças de caça. Neste trabalho foi efectuada uma avaliação higio-sanitária de peças de coelho-bravo caçados em duas zonas de caça municipais do concelho de Vila Nova de Paiva, tendo em vista a identificação de situações/alterações que pudessem estar associadas a uma depreciação da qualidade da carne e do perfil sanitário das peças caçadas. Os resultados demonstraram uma ocorrência de conspurcação interna, originada pelo rebentamento das vísceras gastrointestinais, em 43,9% dos animais amostrados; o tempo médio de 5h24m entre a caçada e a evisceração da peça e uma temperatura muscular profunda, determinada após a evisceração, sempre superior a 16ºC. Estes dados evidenciam a possível depreciação higiénica do produto final, com eventuais consequências nefastas para a saúde, dada a possibilidade de existirem microrganismos com potencial zoonótico. A análise anatomopatológica permitiu detectar uma situação compatível com pasteurelose e a análise parasitológica revelou que 92,68% dos animais amostrados se encontravam parasitados, salientando-se a presença de cisticercos, forma larvar da Taenia pisiformis, em 34,15% dos animais. Este estudo permite salientar a importância da realização de uma avaliação higio-sanitária das peças da caça destinadas a consumo humano, devendo esta ser efectuada por alguém que conheça todas as situações que podem constituir um risco para o consumidor e desta forma tomar correctas decisões quanto ao destino da caça. Torna-se ainda importante adoptar medidas de conservação, preparação e confecção da carne adequadas e sensibilizar os caçadores para a importância de todas estas situações, tendo em vista uma maior segurança do consumidor.
Descrição
Dissertação de Mestrado em Medicina Veterinária
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