O valor da Citogenética Convencional e Molecular na caracterização de algumas Doenças Hemato-oncológicas

Data
2010
Título da revista
ISSN da revista
Título do Volume
Editora
Projetos de investigação
Unidades organizacionais
Fascículo
Resumo
As doenças hemato-oncológicas são um grupo de doenças oncológicas com grande incidência, constituindo cerca de 10 a 15% de todos os cancros. Nas últimas décadas, este tipo de neoplasia tem vindo a crescer dado o aumento da esperança de vida, sendo designada por doença do idoso, uma vez que a população abrangida tem, em média, uma idade superior a 60 anos (Altekruse et al., 2009). A genética tem adquirido, ao longo das últimas décadas, um papel importante na investigação oncológica e no direccionamento clínico de pacientes com cancro. A relação entre malignidade e alterações cromossómicas tem feito do estudo citogenético um critério primordial na classificação das doenças hemato-oncológicas, bem como no diagnóstico, prognóstico (dividido em três factores de risco: favorável, intermédio ou desfavorável), monitorização e terapêutica a aplicar (Fadl-Elmula, 2001; Steensma e List, 2005). As células neoplásicas caracterizam-se por terem ciclos celulares alterados e os cromossomas destas células apresentam-se com baixa resolução de bandas. A técnica de hibridação in situ fluorescente (FISH) melhorou substancialmente a sensibilidade da análise citogenética, tornando-a num importante complemento no estudo citogenético das doenças hemato-oncológicas (Kearney, 2001; Bejjani e Shaffer, 2008). Nesta dissertação procedeu-se à caracterização citogenética de 50 casos com doenças hemato-oncológicas. Dos casos estudados, 72% apresentavam alterações cromossómicas, o que está de acordo com o descrito na literatura; dependendo do tipo de patologia, a frequência de anomalias detectadas está compreendida entre os 20 e 90%. Das anomalias observadas, 86.1% foram detectadas pela citogenética convencional e nas restantes, a sua detecção só foi possível recorrendo à técnica de FISH. As alterações foram detectadas em 7 casos de leucemia mielóide crónica (LMC), 1 caso de leucemia mielomonocítica crónica (LMMC), 7 casos de síndromes mielodisplásicos (SMD), 2 casos de leucemia mielóide aguda (LMA), 8 casos de leucemia linfática crónica (LLC), 7 casos de mieloma múltiplo (MM) e 4 casos de linfoma não-Hodgkin (LNH). Das anomalias encontradas, 88.9% estavam previamente associadas à patologia, sendo que 83.3% eram frequentes e em 5.6% as alterações eram raras. As restantes anomalias (11.1%) não estavam associadas à patologia e não estavam descritas na literatura. Quatro dos casos com anomalias frequentes estavam associados a outros rearranjos cromossómicos, raros ou não descritos.Quanto ao valor prognóstico das anomalias observadas verificou-se que 11.1% estavam associadas a um prognóstico intermédio e 47.2% a um prognóstico desfavorável. Estes resultados são de extrema importância em termos clínicos, uma vez que permitem identificar os casos cuja doença irá progredir de forma mais rápida e / ou agressiva, possibilitando uma orientação terapêutica mais adequada. O estudo citogenético permitiu um diagnóstico diferencial em três casos de LNH, identificando o tipo de linfoma: dois linfomas do manto (LM) e um caso de linfoma folicular (LF). O resultado citogenético foi importante pois como têm características evolutivas distintas, os LM são um tipo de LNH agressivo e os LF são na sua maioria indolentes, permitiu uma orientação clínica adequada à patologia. A aplicação da técnica de FISH é uma prática corrente na caracterização citogenética das doenças hemato-oncológicas. É uma técnica rápida, de fácil execução e eficaz, com maior especificidade e resolução do que a citogenética convencional, permitindo a detecção de rearranjos cromossómicos subtis ou crípticos como por exemplo a t(4;14). Esta técnica foi aplicada como complemento da análise citogenética, no despiste das anomalias mais comuns de algumas patologias, algumas de difícil detecção pela citogenética convencional; e na caracterização de rearranjos cromossómicos observados. A técnica de FISH teve um contributo importante na caracterização de alterações cromossómicas, sendo sem dúvida um grande complemento das técnicas convencionais.
Hematologic malignancies are a group of tumors’ with high incidence, over 10-15% of all cancers. In the last decades, this type of cancer has increased because of the upper life expectancy; being called elderly disease, the average age of patients is higher than 60 years (Altekruse et al., 2009). Over the past decades, genetics has acquired an important role in cancer research and in the clinical management of cancer patients. The relationship between malignancy and chromosomal abnormalities has made cytogenetic study an important condition in the classification of hematologic malignancies as well as in diagnosis, prognosis (with three predictive factors: favorable, intermediate or unfavorable), monitoring and treatment to be applied (Fadl-Elmula, 2001; Steensma and List, 2005). The leukemia cells are characterized by an altered cell cycle and chromosomes with poor resolution. The fluorescent in situ hybridization (FISH) technique has greatly enhanced the sensitivity of cytogenetic analysis, making it an important complement in the cytogenetic study of hematologic malignancies disorders (Kearney, 2001; Bejjani and Shaffer, 2008). In this work, we preceded to cytogenetic analyses of 50 cases with hematologic malignancies disorders. Of the cases studied, 72% had chromosomal abnormalities, which are in accordance with described in the literature; depending on the type of disease, the frequency of abnormalities detected range between 20 and 90%. The conventional cytogenetic detected 86.1% of the abnormalities observed, in the remaining its detection was only possible using the FISH technique. The chromosomal anomalies were detected in seven cases of chronic myeloid leukemia (CML), a case of chronic myelomonocytic leukemia (CMML), seven cases of myelodysplastic syndromes (MDS), two cases of acute myeloid leukemia (AML), eight cases of chronic lymphocytic leukemia (LLC), seven cases of multiple myeloma (MM) and four cases of non-Hodgkin lymphoma (NHL). Of the anomalies found, 88.9% were previously associated with disease, being 83.3% frequent and 5.6% rare. The remaining anomalies (11.1%) were not associated with pathology and were not described. Four cases with common abnormalities were associated with rare or not reported chromosomal rearrangements. Chromosomal abnormalities had predictive factors, of the abnormalities observed 11.1% were associated with an intermediate prognosis and 47.2% with an unfavorable prognosis. These results are extremely important in clinical, identifying the cases whose disease will progress more quickly and / or aggressive, allowing a better therapeutic orientation. The cytogenetic study allowed a differential diagnosis in three cases of NHL, identifying the type of lymphoma: two mantle lymphomas (ML) and one case of follicular lymphoma (FL). The cytogenetic result was important because as they have distinct characteristics, the ML is an aggressive NHL and LF are mostly indolent, allowed a suitable clinical orientation. The application of FISH technique is a common practice in cytogenetic analysis of hematologic malignancies disorders. It is a quick, easy and effective technique, with greater specificity and resolution than conventional cytogenetics, allowing the detection of subtle or cryptic chromosomal rearrangements such as t(4;14). This technique was applied in order to complement the cytogenetic analysis in the screening of common abnormalities in certain diseases, some of them difficult to detect through conventional cytogenetic analysis and in the characterization of chromosomal rearrangements. The FISH technique was an important contribution to the characterization of chromosomal alterations, and undoubtedly a great complement to conventional techniques.
Descrição
Dissertação de Mestrado em Genética Molecular Comparativa e Tecnológica
Palavras-chave
Citação