Avaliação eletrocardiográfica em gatos com cardiomiopatia hipertrófica

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2018-10-19
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Resumo
Resumo A cardiomiopatia hipertrófica (CMH), a doença cardíaca mais frequente nos gatos, é uma doença primária do miocárdio caracterizada pela hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo (VE) na ausência de outras causas de hipertrofia do VE. O átrio esquerdo (AE) pode encontrar-se dilatado devido à progressão da disfunção diastólica que caracteriza a CMH. O eletrocardiograma (ECG) é um exame complementar de diagnóstico não invasivo, barato e relativamente fácil de obter; é essencial para o diagnóstico e monitorização de arritmias e de distúrbios de condução e também pode fornecer indicação de aumento de determinada câmara cardíaca, nomeadamente do VE e do AE. No entanto, existem poucos estudos que analisaram o papel do ECG na CMH em gatos. Assim, o objetivo deste estudo prospetivo é avaliar as alterações do traçado eletrocardiográfico em gatos com CMH. Neste trabalho, foram analisados 29 traçados eletrocardiográficos de gatos que foram divididos em três grupos: Controlo – gatos saudáveis (n = 10); CMH – gatos com CMH e assintomáticos (n = 10); e CMH+IC – gatos com CMH e sintomáticos (n = 9). A população era constituída por 14 machos e 15 fêmeas, com idades compreendidas entre 6 meses e 19 anos (média de 6,56 anos), peso entre 2,10 e 6,06 Kg (média de 3,83 kg), e de várias raças (Europeu Comum, Persa e Siamês). Um gato do grupo CMH e um gato do grupo CMH+IC tinham bloqueio do fascículo anterior esquerdo; e dois gatos do grupo CMH+IC tinham fibrilhação atrial. Os gatos dos grupos CMH e CMH+IC apresentaram maior duração da onda P, maior duração do complexo QRS, maior duração do intervalo QT e desvio do eixo elétrico médio (EEM) à esquerda. Para além destas alterações eletrocardiográficas, a amplitude da onda P encontrava-se aumentada nos gatos com CMH e sintomáticos. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) foi significativamente inferior nos gatos dos grupos CMH e CMH+IC do que nos gatos sem doença cardíaca. A avaliação do ECG não foi útil para fornecer indicação de aumento do AE. Pelo contrário, forneceu indicação de aumento do VE, especialmente através da análise da duração do complexo QRS e da presença de desvio do EEM à esquerda. Tal como nos cães com doença cardíaca e nas pessoas com CMH, a VFC dos gatos com CMH foi inferior à dos gatos sem doença cardíaca. A utilização das derivações pré-cordiais foi vantajosa, porque, ao contrário da derivação II, permitiu a identificação de alterações eletrocardiográficas em gatos com CMH. Alguns resultados obtidos neste estudo foram estatisticamente significativos, no entanto, a população era pequena. Por isso, são necessários estudos futuros com uma população maior para corroborar estes resultados e para investigar a possibilidade de alguns parâmetros eletrocardiográficos serem utilizados como indicadores de diagnóstico em gatos com CMH
Hypertrophic cardiomyopathy (HCM) is the most common heart disease in cats, it is a primary myocardial disease and is characterized by concentric left ventricular (LV) hypertrophy in the absence of other causes of LV hypertrophy. The left atrium (AE) may be dilated due to the progression of the diastolic dysfunction that characterizes HCM. The electrocardiogram (ECG) is a non-invasive, inexpensive and relatively easy to acquire diagnostic test; it is essential to diagnose and monitor cardiac arrhythmias and conduction disturbances and can also provide indication regarding cardiac chamber enlargement, particularly LV and AE enlargement. However, there are few studies that have analysed the ECG role in cats with HCM. Thus, the purpose of this prospective study is to evaluate the changes of the electrocardiographic tracing in cats with HCM. In this study, 29 electrocardiographic tracings of cats were analysed and the cats were divided into 3 groups: Control group – healthy cats (n = 10); HCM group – cats with asymptomatic HCM (n = 10); and HCM+IC group – cats with symptomatic HCM (n = 9). The population consisted of 14 males and 15 females, aged between 6 months and 19 years (mean of 6.56 years), weight between 2.10 and 6.06 kg (mean of 3.83 kg), and of various breeds (European Shorthair, Persian and Siamese). One cat from the HCM group and one cat from the HCM+IC group had left anterior fascicular block; two cats from the HCM+IC group had atrial fibrillation. Cats from HCM and HCM+IC groups had greater P wave duration, greater QRS complex duration, greater QT interval duration and shift in the mean electrical axis (MEA) to the left. In addition to these electrocardiographic changes, the P wave amplitude was significantly greater in cats with symptomatic HCM. Heart rate variability (HRV) was significantly lower in cats from HCM and HCM+IC groups than in cats without heart disease. ECG evaluation did not provide indication of LA enlargement. However, it provided indication of LV enlargement, specially through the analysis of the QRS complex duration and the presence of shift in the MEA to the left. Similarly to what happens to dogs with heart disease and people with HCM, cats with HCM present a lower HRV than cats without heart disease. The use of precordial chest leads was advantageous, because it allowed the identification of electrocardiographic changes in cats with HCM that were not identified in lead II. Some of the results of this study were statistically significant, however, the population was small. Therefore, further studies with a larger population are needed to confirm these results and to investigate the possible use of some electrocardiographic parameters as diagnostic indicators in cats with HCM.
Descrição
Dissertação de Mestrado em Medicina Veterinária
Palavras-chave
cardiomiopatia hipertrófica , eletrocardiograma , gato , variabilidade da frequência cardíaca , arritmia
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