Caracterização da produção de coelho bravo em cativeiro na região norte de Portugal

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2012
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Resumo
Na revisão bibliográfica faz-se a caracterização do coelho bravo e da sua situação na Península Ibérica, onde o efeito do declínio das populações de coelho-bravo após os surtos da Mixomatose e da Doença Hemorrágica Viral (DHV), nas décadas de 60 e 70, colocaram o coelho-bravo numa situação de risco permanente e que apesar de alguns esforços isolados e sem continuidade nestes dois países, não tem evoluído de forma favorável. Em Portugal o coelho é considerado, pelo Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal publicado pelo ICNB, como Espécie Quase Ameaçada. Ainda na parte de revisão referimo-nos à criação do coelho-bravo em cativeiro nas suas vária vertentes, o suporte legal e condicionantes para atribuição do alvará, a classificação e características dos diversos sistemas e tipos de exploração cinegética da espécie. O trabalho experimental foi realizado com o objectivo de aquilatar a verdadeira situação da criação do coelho bravo em cativeiro, na zona territorial da autoridade florestal norte. Nas 69 explorações existentes na região de estudo inquirimos os criadores ou responsáveis e numa primeira fase foram divididas em três tipos, de acordo com o tipo e detentor social; cercados sem alvará, explorações de zonas de caça e explorações de criadores particulares. Das explorações analisadas, 14 eram cercados sem alvará, 24 eram explorações de criadores particulares com alvará e 31 eram explorações pertencentes a zonas de caça. Pretendeu-se avaliar o sector da criação do coelho bravo no Norte de Portugal, caracterizando as explorações quanto à área, estrutura, gestão, maneio e produtividade, identificando também os estrangulamentos das mesmas e as dificuldades com se debatem os criadores do coelho-bravo. Os proprietários têm entre os 41 e os 60 anos, são maioritariamente do sexo masculino 97%, o 1º ciclo e o secundário são os níveis de ensino mais representativo, (mais de 50% para o conjunto destes dois níveis) e 22% deles têm formação nível superior. O Minho é a Unidade de Gestão Florestal com o maior número de explorações, representando 39% do total de explorações. A maioria destas explorações recorreu ao capital próprio (76%) para se implantarem maioritariamente a partir de 2001, o que poderá estar relacionado com a publicação da legislação para o sector, principalmente a Portaria nº Portaria nº464/2001, de 8 de Maio. O cercado tipo é uma exploração com 4500 m2, com 12 animais reprodutores e que produz por ano cerca de 50 coelhos. A exploração de criadores particulares tem 30290m2, tem 47 animais reprodutores e produz anualmente 244 coelhos. A exploração de associação de caçadores tem 14300m2 de área, tem 24 reprodutores e produz 113 coelhos. Verifica-se um grande desfasamento entre o potencial produtivo inscrito nos alvarás e a produção verificada nas explorações. Potencialmente a região Norte poderia produzir 26550 coelhos/ano, mas a realidade que resultou deste inquérito foi bem diferente, a produção de coelhos/ano nesta região ficou-se por 10000 coelhos. Para esta produção os criadores com alvará foram os que mais participaram, com 65% dos coelhos, registando-se o contributo dos cercados com apenas 7%. A maioria da produção é escoada para repovoamentos. Foi também elaborado um projecto “tipo” de explorações cinegéticas de diferentes dimensões (16, 64 e 192 reprodutores), onde foram consideradas todos os requisitos legislativos e técnicos necessários para a sua implantação, as medidas profiláticas e sanitárias a implementar e estudada a viabilidade económica da exploração. O nosso estudo revelou que independentemente do tamanho é difícil conseguir que a exploração tenha viabilidade económica, pois os custos de instalação são elevados e a produtividade conseguida é reduzida. Apenas explorações de grande dimensão e com elevada produtividade poderão ser viáveis economicamente.
In the bibliographic revision we can find a characterization of the wild rabbit’s situation in the Iberian Peninsula, where the effect of the decline in its populations after the outbreaks of Myxomatosis and Viral Haemorrhagic Disease (VHD) in the 60s and 70s has put the wild rabbit in a situation of permanent risk and, despite some isolated and discontinuous efforts in these two countries, it hasn’t favourably evolved. It has been considered by the Red Book of the Vertebrates of Portugal published by ICNB as a Nearly Threatened Species. In the revision part, we also refer to the breeding of the wild rabbit in captivity in its different aspects, the legal support and the constraints for granting the license, the classification and the characteristics of the various types of operating systems and hunting of the species concerned. The purpose of the experimental work was to assess the true situation of the breeding of the wild rabbit in captivity in the territorial zone of the North forestal authority. In the 69 farms of the region where the study was conducted, we have inquired the breeders and the responsible for the farms and, in the first phase they were divided in three types, according to their type and owner: fenced farms without a license, farms of hunting areas and farms of private breeders. Among these, 14 were fenced without a license, 24 were farms of private licensed breeders and 31 were farms with a license in hunting areas. With these surveys we aimed to assess the sector of the wild rabbit breeding in the North of Portugal, identifying and characterizing the farms in what concerns their dimension, structure, management and productivity. The aim was also to identify their bottlenecks and the difficulties faced by the wild rabbit breeders. The owners are between 41 and 60 years old, they are mostly male (97%), their qualifications are the primary and secondary levels (more than 50% for these two levels) and more than 22% have a degree. Minho is the Forestal Management Unit with more farms, representing 39% of the total. Most of them have used their own capital funds to start (76%) and have been created since 2001, which can be related to the publication of the legislation for this sector, mainly to the Ordinance no. 464/2001 of 8th May. The most common fenced farm type is 4500 m2, with 12 breeding animals and producing 50 rabbits a year. The farm of the private breeders is 30290m2, has 47 breeding animals and produces 244 rabbits. The farm owned by an association of hunters is 14300 m2, has 24 breeding animals and produces 113 rabbits. There is a huge gap between the productive potential mentioned in the licenses and the real production of the farms. The Northern region could potentially produce 26550 rabbits a year, but the survey has revealed a very different reality, the production in this region was 10000 rabbits. The licensed breeders have contributed to this number with 65% of the rabbits whereas the fenced ones have contributed with only 7%. Most of the production is used in repopulation. We have also created a project of “common” cinegetic farms, of different dimensions, where we have considered all the legal and technical requirements to implement a farm. We have taken into account the prophylactic and sanitary measures to implement and studied the economic viability of the project. Our study has shown that despite the area, it is difficult to get economic viability, because the installation costs are high and the productivity achieved is reduced.
Descrição
Dissertação de Mestrado em Engenharia Zootécnica.
Palavras-chave
Coelho , Região norte de Portugal , Cativeiro , Criação de animais de caça
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