Influência dos mecanismos de preços nos ciclos económicos em Portugal

Data
2000
Autores
Correia, Leonida Amaral Tomás
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Projetos de investigação
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Resumo
O estudo dos ciclos económicos tem centralizado uma parte substancial da pesquisa macroeconómica. Nesteâmbito, o comportamento de rigidez/flexibilidade dos preços e salários agregados constitui, sem dúvida, um dos temasmais controversos e, simultaneamente, um dos mais actuais nos esforços para explicar a ocorrência de flutuaçõesmacroeconómicas.Em particular, nos anos oitenta e noventa do Séc. XX geraram-se avanços significativos de natureza teórica eempírica no sentido da clarificação da importância relativa de vários factores económicos como fontes de choques e quaisos respectivos mecanismos de propagação para as flutuações observadas no percurso temporal das economias.No plano teórico confrontam-se actualmente dois paradigmas quanto à explicação dos ciclos económicos: onovo-clássico e o novo-keynesiano. A diferença fundamental entre eles reside, essencialmente, no comportamento que ésuposto os preços e salários terem nos respectivos mercados. Enquanto que no primeiro se consideram preços e saláriosflexíveis, nos modelos novo-keynesianos aqueles são assumidos como ajustando-se lentamente, pelo que nada garante queos mercados estejam sempre em equilíbrio. Daí que no âmbito da investigação novo-keynesiana seja atribuído um papelrelevante aos mecanismo de preços nas flutuações cíclicas das variáveis macroeconómicas, as quais resultam,precisamente, do comportamento de ajustamento subóptimo na resposta daqueles a choques da procura agregada.Adicionalmente, a construção do actual conhecimento sobre os ciclos económicos só foi possível graças àevolução da econometria das séries temporais, a qual beneficiou da disponibilidade crescente de dados e de importantesavanços informáticos. A grande utilidade e potencialidade dos vectores autoregressivos estruturais (SVAR’s) justifica queesta metodologia domine, na actualidade, a análise macroeconométrica das flutuações económicas.Neste trabalho, na análise empírica dos ciclos económicos portugueses utilizamos duas abordagens distintas: aindirecta e a directa.Numa primeira etapa aplicamos uma abordagem indirecta sobre os dados anuais de 25 sériesmacroeconómicas, no período 1954-1998. Procuramos, desta forma, fornecer um conjunto de peças de evidênciaestatística que revelasse as relações entre as outras 24 variáveis macroeconómicas relevantes e o PIBpm, de forma aproporcionar um melhor e mais completo conhecimento das características e factos estilizados relativos aos cicloseconómicos em Portugal. No sentido de aprofundar o estudo sobre o comportamento das taxas de inflação e dedesemprego na sua relação com o ciclo económico exploramos, ainda, para o mesmo período, algumas “regularidadesempíricas” que têm vindo a motivar uma grande parte dos esforços recentes da literatura teórica, como sejam os relativosao rácio de sacrifício envolvido em processos de desinflação e o da existência de uma taxa de desemprego não aceleradorada inflação.Numa segunda etapa, estreitando mais o objecto da análise, aplicamos a abordagem SVAR de longo prazo adados do produto e salário reais e da taxa de desemprego, entre 1983:2-1998:4. A modelização SVAR adoptada tevesubjacente o intuito central de aferir sobre a importância dos choques do lado da oferta e da procura no andamento do cicloeconómico português e sobre o papel relativo da rigidez de preços e salários em tais flutuações.Uma integração dos resultados empíricos das duas abordagens parece sustentar duas grandes conclusões decarácter geral: o ciclo económico português exibe, em geral, conformidade com o conjunto de características e de factosestilizados identificados pela literatura e uma interpretação de natureza keynesiana é a que se revela mais consistentecomo enquadramento teórico das flutuações económicas verificadas em Portugal, no período analisado.
Descrição
Tese de Doutoramento em Economia
Palavras-chave
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