O espaço nos contos e novelas de Domingos Monteiro: faces da liricização e tópicos do fantástico

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2017
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Domingos Monteiro, embora tenha feito incursões pela poesia (de que as primeiras publicações são um fulgurante testemunho: Orações do Crepúsculo, em 1920, e Nau Errante, em 1921 – acervo acrescido mais tarde pelos volumes Evasão e Sonetos, respetivamente em 1953 e 1978), foi sobretudo um prócere do conto e da novela, tendo merecido, por isso, o encómio do professor e escritor Eugénio Lisboa de “um dos maiores ficcionistas de sempre, seguramente, o maior contista português do século XX” (Lisboa, 2000:139). De facto, o escritor teve outras aventuras genológicas, como o drama A Traição Inverosímil e o romance O Caminho para Lá; no entanto, e como afirmou, em relação a este último volume, Teresa Seruya, “O fôlego romanesco é demasiado exigente para o talento sintético de Domingos Monteiro (Seruya, 2002: 153). Em O Espaço nos Contos e Novelas de Domingos Monteiro: Faces da Liricização e Tópicos do Fantástico, o vetor hermenêutico de que nos ocupamos prende-se com o corpus textual dos Contos e Novelas do Autor, materializado em quinze títulos, num total de sessenta narrativas, perscrutando as multímodas faces da liricização do espaço das suas narrativas. O vezo poético do autor vislumbra-se sobretudo na sua novelística, onde a emotividade em nada prejudica a efabulação sedutora, que concita a momentos de reverberação do leitor, nomeadamente na descrição dos seus espaços tímicos, para utilizar o pensamento terminológico de Denis Bertrand (cf. Bertrand, 1985). O esteio na modalidade fantástica decorre da sua visão metafísica da vida e da perspetiva holística que tem do Universo, em que o Homem entra também numa comunhão coonestada com a natureza, os animais e toda a matéria cósmica, sempre com uma preocupação ecológica singular. Desta forma, o lirismo e o fantástico conhecem, no autor de O Mal e o Bem, uma coalescência harmonizante.
Domingos Monteiro, although he made inroads into poetry (of which the earliest publications are a brilliant testimony: Orações do Crepúsculo, in 1920 and Nau Errante in 1921 – later augmented by the volumes Evasão and Sonetos, respectively in 1953 and 1978) , was mainly a prestigious representative of the short story and of the novella, and worthy therefore of having been hailed, by teacher and writer Eugénio Lisboa as "one of the greatest fictionists ever, surely the greatest Portuguese short story writer of the twentieth century" (Lisboa, 2005: 139). Indeed, the writer had other genologic adventures, such as the drama A Traição Inverosímil and the novel O Caminho para Lá; however, and as stated by Teresa Seruya when referring to the latter, "The novelistic breath is too demanding for the synthetic talent of Domingos Monteiro (Seruya, 2002: 153). In O Espaço nos Contos e Novelas de Domingos Monteiro: Faces da Liricização e Tópicos do Fantástico, the hermeneutical vector we deal with thus encompasses the textual corpus of the Contos e Novelas of Monteiro, materialized in fifteen titles, totaling sixty stories, regarding which one will, as seems reasonable, carry out a selection, likely to represent that institution of the lyrical space, which we find indelibly evident in multifarious textual fragments. The poetic tempo of the author is mainly seen in his novellas, where emotionality in no way conceals the seductive efabulation, which invite the reader to engage in reverberation moments, namely in the description of his thymic spaces, to use terminological thinking by Denis Bertrand (see Bertrand, 1985). The mainstay in the fantastic mode derives from his metaphysical vision of life and from the holistic perspective he has of the Universe, in which Man also enters a rehabilitating communion with nature, animals and all cosmic matter, always with a remarkable ecological concern. In this way, lyricism and the fantastic find, in the author of O Mal e o Bem, a harmonizing coalescence.
Descrição
Tese de Doutoramento em Estudos Literários, Especialização em Literatura Portuguesa
Palavras-chave
Monteiro, Domingos, 1903-1980 , Fantástico , Ecologia , Contos , Novelas , Espaço literário , Liricização
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