Histórias de Vida Tocadas pela Violência: Impacto e Representações das Crianças Vítimas de Violência Interparental

Data
2008
Título da revista
ISSN da revista
Título do Volume
Editora
Projetos de investigação
Unidades organizacionais
Fascículo
Resumo
A problemática das crianças expostas à violência interparental, enquanto área de elaboração teórica e interesse empírico, é recente. Os primeiros estudos remontam à década de oitenta (Fantuzzo, Mohr & Noone, 2000), sendo que, passados mais de vinte anos, o corpo de pesquisa na área aumentou drasticamente, documentando os efeitos adversos que a exposição à violência acarreta no ajustamento psicológico das crianças (Carlson, 2000; Cummings & Davies, 1994; Hughes, Humphrey & Weaver, 2005; Kitzmann, Gaylord, Holt & Kenny, 2003; Sani, 2002a, b; Rodrigues, 2006). A relevância actual do tema resulta, sobretudo, da tomada de consciência da violência familiar como um problema social comum com consequências alarmantes (Matos, 2006; McneaL & Amato, 1998). De vítimas silenciosas, invisíveis, escondidas, inacessíveis e esquecidas (Elbow, 1982; Groves, Zukerman, Marans & Cohen, 1993; cit. por Edleson, 1999) as crianças expostas a violência interparental passaram a ser o rosto visível mais recente da violência familiar. Na parte teórica deste trabalho são feitas considerações em torno da clarificação, contextualização e pertinência do tema em análise. Apresentamos o “estado da arte” no estudo do fenómeno, focalizando a atenção nos resultados empíricos existentes do impacto e variáveis mediadoras. Versamos sobre o setting em estudo, as Casas de Abrigo, reflectindo sobre as insuficiências e os desafios que a investigação neste domínio enfrenta. Reflectimos ainda sobre as abordagens explicativas do impacto, iniciado com uma sinopse dos modelos tradicionais, seguido da explanação de dois modelos centrados na construção de significados, embora sublinhando as vantagens de um mapa multidimensional da leitura do impacto. No plano empírico desenvolvemos um estudo qualitativo que analisou o ajustamento psicológico de nove crianças em acolhimento à luz dos significados atribuídos às suas experiências recentes. Estamos convictos de que o ajustamento da criança pode ser melhor compreendido se partirmos do seu ponto de vista e percebermos como faz sentido da sua experiência. Na recolha dos dados privilegiamos o uso de modalidades distintas (medidas de auto-relato e entrevista) e vários informadores (crianças, mães, professores), seguindo as orientações na área. A técnica de tratamento dos dados utilizada foi a análise de conteúdo. Os resultados reforçaram a posição inicial de que o ajustamento psicológico das crianças é complexo e fortemente determinado pelas significações construídas. O acolhimento possibilitou ainda a minimização da sintomatologia desadaptativa dos menores.
Descrição
Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica
Palavras-chave
Violência familiar , Acolhimento de crianças , Estratégias de adaptação emocional
Citação