Avaliação da disponibilidade do potássio em solos de Trás-os-Montes: contribuição para o seu estudo

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1989
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Resumo
Em Portugal tem-se observado que a maioria das culturas apresenta uma resposta fraca à adubação potássica. Esta constatação poderá estar relacionada, quer com os baixos níveis de produtividade frequentemente atingidos, quer com a existência de reservas elevadas de K nalguns solos. Por outro lado, tem-se verificado também que a resposta à adubação potássica é bastante inconsistente, sendo muitas vezes precária a informação fornecida pelo nível do K disponível. A disponibilidade do K depende da capacidade do solo para fornecer o nutriente às plantas e da capacidade das plantas para explorar o K e do seu metabolismo. A capacidade do solo para fornecer o nutriente às plantas é função, em grande parte, das reservas em K dos solos, as quais estão relacionadas com o material originário e com as condições de meteorização a que estão sujeitos, e ainda das características físico-químicas e mineralógicas dos solos. As plantas, por sua vez, possuem exigências diferentes em K e diferem na capacidade do seu sistema radicular para explorar o K do solo. Um dos motivos subjacente à realização deste trabalho é precisamente o de avaliarmos e compreendermos quais os factores do solo e da planta que afectam significativamente a absorção do K, o que será atingido através da verificação do modelo de Barber e Cushman. Por outro lado, porque são inúmeros os condicionalismos de solo-clima-planta que afectam a nutrição das plantas tornou-se necessária a realização de estudos porme¬norizados que nos permitissem obter mais informação acerca das características morfo¬lógicas, físico-químicas e mineralógicas dos diferentes tipos de solos. Assim, em síntese, os principais objectivos deste trabalho são: contribuir para um melhor conhecimento dos tipos de solos mais repre¬sentativos de Trás-os-Montes, no que se refere às caracteristícas físico-químicas e mineralógicas e a sua relação com as condições de meteo¬rização preva¬lecentes em cada zona; obter, nestes solos, uma estimativa das reservas de K; verificar o modelo de Barber e Cushman nalguns dos solos da região; hierarquizar para cada solo, ou grupo de solos, os principais factores limitantes da nutrição potássica das plantas. Na revisão bibliográfica focam-se os aspectos relacionados com a dinâmica do potássio no solo e os factores da planta e do solo que interferem na absorção do K. Faz--se, ainda, um revisão das metodologias utilizadas na avaliação do K disponível do solo, descrevendo-se por fim, em linhas gerais, o modelo de Barber e Cushman. A parte experimental consistiu na caracterização físico-química e mineralógica dos solos; na estimativa das suas reservas de K com base num ensaio biológico, em que se procurou exaurir o K através do cultivo, por cortes sucessivos, do azevém; e na verificação do modelo de Barber e Cushman através dum ensaio biológico com milho. Faz-se finalmente o agrupamento dos solos, de acordo com as suas características físico-químicas e mineralógicas, condições de meteorização a que estão sujeitos, e suas reservas em K. Identificam-se, também, para cada grupo de solos, os principais factores limitantes da nutrição potássica das plantas. Extraem-se ainda conclusões relativamente à necessidade de adubação potássica dos solos em função das exigências de K das culturas. As conclusões são, em resumo, as seguintes: - Os factores mais importantes na nutrição potássica das plantas são: o comprimento radicular, o K em solução, o teor de água do solo, e o poder tampão para o K. A alimentação potássica de plantas com baixa necessidade em K pode depender, em grande medida, da libertação do K não permutável em solos com reservas médias a elevadas de K. Plantas com necessidade elevada em K estão sobretudo dependentes do teor de "K2O assimilável", porque a taxa de libertação do K não permutável é, em geral, insuficiente para manter um crescimento adequado das plantas. Consoante as reservas de K e o seu poder tampão para o K, os solos estudados podem ser agrupados do modo seguinte: - os solos derivados de xisto ou granito, com texturas grosseiras, ácidos e com teores elevados de matéria orgânica, em regiões com precipitação elevada apresentam reservas quase nulas de K e um poder tampão para o K reduzido; - os solos derivados de rochas básicas ou ultrabásicas têm reservas reduzidas em K, mas um poder tampão para o K relativamente elevado; - os solos derivados de granito, com texturas grosseiras, ácidos, e com teores médios a baixos de matéria orgânica apresentam reservas médias de K e um baixo poder tampão para o K; - os solos derivados de xistos apresentam elevadas reservas de K, e um razoável poder tampão; - o solo derivado de aluviões apresenta reservas de K muito elevadas, as quais são facilmente mobilizáveis. A calagem dos solos ácidos, além de reduzir a toxicidade do alumínio, criando assim melhores condições ao desenvolvimnento radicular das plantas, poderá aumentar consi¬deravelmente o poder tampão dos solos para o K.
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