Caracterização genética da resistência a antibióticos β-lactâmicos e estudo de factores de virulência em estirpes de Escherichia coli de diferentes origens
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2009
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Resumo
Nos últimos anos tem existido uma grande preocupação pelo aumento
da resistência bacteriana aos antibióticos usados quer em medicima humana
quer em medicina veterinária. As estações de tratamento de águas residuais
assim como a microflora bacteriana intestinal constituem ambientes favoráveis
para a sobrevivência, transferência e disseminação de bactérias resistentes.
O principal objectivo deste trabalho consistiu em avaliar o papel de dois
ecossistemas distintos como reservatórios de E. coli com genes de resistência
aos antibióticos, com especial relevância para as estirpes portadoras de
β-lactamases.
Estudaram-se 54 estirpes de Escherichia coli obtidas a partir de
amostras fecais de 54 avestruzes de cativeiro provenientes do Alentejo. As
amostras fecais foram inoculadas em Levine nao suplementado com
cefotaxima, das quais se obtiveram isolados de E. coli das 54 avestruzes
(100%) e em placas de Levine suplementado com cefotaxima (2μg/ml) das
quais se obtiveram isolados de E. coli de 3 avestruzes (5.6%). Determinou-se
a sensibilidade a 16 antibióticos (ampicilina; amoxicilina + ácido clavulânico;
cefoxitina; cefoxitina; ceftazidima; aztreonam; imipenemo; gentamicina;
amicacina; tobramicina; estreptomicina; ácido nalidíxico; ciprofloxacina;
trimetoprim-sulfametoxazol; tetraciclina e cloranfenicol).
As percentagens de resistência, nos isolados obtidos de placas de
Levine não suplementado, foram moderadas à ampicilina (16.7%) e à
tetraciclina (13%); observaram-se ainda percentagens de resistência à
estreptomicina (5.6%), à amoxicilina + ácido clavulânico, à cefoxitina e à
gentamicina (1,9%). Não foram detectadas resistências aos restantes
antibióticos. Em 6 dos 9 isolados resistentes à ampicilina foi detectado o gene
blaTEM. O gene tet(A) ou tet(B) foi detectado em 5 dos isolados resistentes à
tetraciclina. No isolado que apresentou resistência à cefoxitina detectaram-se
mutações no promotor e na região atenuadora do gene ampC (nas posições
–42, –18, –1 and +58).
Nos isolados obtidos de placas de Levine suplementado com
cefotaxima (2μg/ml), verificou-se que os três isolados são produtores de
β-lactamases de largo espectro (BLLEs) e apresentam resistência aos seguintes antibióticos não β-lactâmicos: estreptomicina, tetraciclina,
trimetoprim-sulfametoxazol, ácido nalidíxico e ciprofloxacina. Nestas estirpes
foi possível identificar dois tipos específicos de genes codificantes de BLLEs:
blaCTX-M-14a + blaTEM-52c (1 isolado), blaCTX-M-14a + blaTEM-1b (2 isolados).
Neste trabalho, foram também incluídos 259 isolados de E. coli
provenientes de 10 ETARs urbanas de Portugal e 265 isolados de E. coli
provenientes de 8 ETARs avícolas de Portugal. Obtivemos 5 estirpes
produtoras de BLLEs, nas quais foi possível identificar três tipos diferentes:
TEM-52c, CTX-M-15 e CTX-M-14a. Em 7 estirpes com resistência fenotípica
intermédia à cefotaxima e à ceftazidima, observou-se hiperprodução do gene
ampC e em outras 7 estirpes com resistência fenotípica à ampicilina e à
amoxicilina + ácido clavulânico detectou-se o gene intl1 em 4 dos 6 isolados,
sendo que em 1 isolado detectaram-se os genes intl1 e intl2.
Foi do nosso interesse caracterizar, em todas as estirpes obtidas, os
mecanismos envolvidos na resistência fenotípica aos antibióticos, bem como
descrever os possíveis elementos de aquisição e disseminação destes genes.
Finalmente, de referir a importância de continuar com os estudos de
vigilância da resistência aos antibióticos com o objectivo de avaliar a sua
evolução no tempo e determinar os factores que influenciam a sua selecção e
disseminação.
Descrição
Dissertação de Mestrado em Biologia Clínica Laboratorial